ATÉ QUANDO ?
Nua perdidamente nua . . .
Tua, perdidamente tua . . .
Nesta noite, neste mar,
Nesta lua . . .
Nesta rua, escura, vazia . . .
Me encontro a sós, e a vejo
Como uma estrada a trilhar
Como uma enxada a cavar . . .
Dentro e fora dela, me enxergo
Ao mesmo tempo, e o parco cerebro
Me anuncia a aurora, e a pura estrela
Cintilante me espera radiante . . .
Me alucina, me tortura, me carrega
Me domina, me desespera . . .
Dentro de uma morte em vida obscura . . .
Tortura !
Que névoa é essa, meu Deus ?
Sem tregua, sem paz . . .
Que glória é essa de homens sem luz ?
Que estória de passados mórbidos
Haverá nesta terra, neste céu, neste país ?
Que eterna desventura de esperar o que não vem ?
Até quando ? . . .
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